SINDSPEF-SG repudia assédio contra servidor público

“QUANDO CAÍ DEPOIS DO SOCO, SENTI QUE A CORPORAÇÃO CAIU JUNTO”

O trio de guardas municipais agredidos e ofendidos, em pleno exercício da função, na Praia das Pedrinhas no dia 9 de abril pelo vereador Lucas Muniz e seu chefe de gabinete, Henrique Rodrigues, esteve na sede do SINDSPEF-SG no dia 17 de Abril e puderam narrar com detalhes o triste episódio que atinge não apenas os servidores, mas toda a Guarda Municipal, instituição com mais de 80 anos de história e serviços prestados aos gonçalenses.

Os guardas municipais Adriana Leocádio, André Mendes e Roberto Santo Terra, do Grupamento de Proteção Ambiental (GPAM), faziam trabalho de rotina de ordenamento da orla quando foram surpreendidos por um colérico e arrogante assessor, Henrique Rodrigues, que contestou a presença dos guardas realizando patrulhamento e organizando os carros estacionados de modo irregular.

Ainda abalada com a desagradável experiência vivida naquela tarde de domingo, a guarda municipal Adriana Leocádio pede maior reconhecimento da população para que os guardas possam desenvolver com qualidade o seu trabalho.

“Quando levei o soco dele e caí, foi como se a Corporação caísse junto comigo. Foi uma violência contra uma mulher servidora pública sim, mas também uma agressão a farda, a instituição, que já tem uma relação difícil com a população”, desabafa Adriana, que este ano completa 12 anos de Guarda Municipal.

O guarda Mendes revela que desde o início do ano existe uma orientação da prefeitura para que a Guarda dê mais atenção a Praia das Pedrinhas, que é um local de lazer dos gonçalenses. “O estacionamento do lado esquerdo é proibido tanto que quando nossa patrulha apareceu, os motoristas foram tirando um a um os seus carros estacionados irregularmente, menos o sr. Henrique. O abordamos com tranquilidade, mas o que tivemos em troca foram desaforos e xingamentos”.

Depois dessa atitude intempestiva de Rodrigues, ele foi avisado por Adriana que seria notificado. Foi quando deu um soco na guarda que caiu no chão. O guarda Mendes, ao tentar defender a colega, foi imobilizado momentaneamente por três pessoas, dentre elas o vereador Lucas Muniz.

“Rodrigues correu entre as mesas distribuídas pela calçada, pegou uma cadeira e arremessou contra Adriana, mais uma vez agredida pelo mesmo agressor. Depois de encurralado e sob a mira de uma taser, Rodrigues se rendeu. Imediatamente é chamado reforço, que logo chegaria ao local. Ele foi covarde, escolhendo uma mulher para agredir. Se escondeu atrás de crianças e um idoso para não ser alvejado pela taser”, relata Adriana.

Ao ver seu chefe de gabinete rendido e prestes a ser conduzido à delegacia por agressão e desacato, Lucas Muniz se apresenta como vereador, e como tal, disse que não ia permitir a condução de seu assessor. Em tom de ameaça à carreira dos guardas, liga para o comandante da instituição, expondo claro abuso de poder e tráfico de influência do parlamentar contra os servidores.

Ao chegar o reforço (cinco carros da GPAM e um da Polícia Militar) curiosamente Lucas Muniz nega que era vereador, se afasta e observa em silêncio seu assessor entrar na viatura com destino a 73ª DP, onde foi feito o Boletim de Ocorrência.

“Esse foi um episódio marcante que teve muita exposição na mídia, mas infelizmente casos de agressão contra os guardas municipais ocorrem todos os dias. Espero que os envolvidos sejam severamente punidos para que sirvam de exemplo. O que queremos é apenas respeito com o nosso trabalho. Ninguém pode estar acima da lei, a época dos coroneis já passou”, finaliza Adriana.

Os guardas envolvidos no episódio, com o auxílio do SINDSPEF-SG, abrirão uma representação criminal no Ministério Público contra o vereador Lucas Muniz e seu assessor Henrique Rodrigues.

Os gms Mendes, Adriana, Marcus Vinícius e Santo Terra com Rosangela Coelho

NOTA DE REPUDIO DO SINDSPEF-SG

As agressões física e moral sofridas pelos guardas municipais Adriana Leocádio e André Mendes na Praia das Pedrinhas, no último dia 09 de abril pelo vereador Lucas Muniz e seu assessor Henrique Rodrigues, é um insulto a todos os servidores e à Corporação com mais de 80 anos de história e serviços prestados aos gonçalenses.

A agressão a um servidor público em serviço já é sério, fato previsto no Código Penal nos artigos 229 a 231. E nesse caso tem o agravante de ser contra uma mulher, atacada por dois brutamontes que só o fizeram porque certos da impunidade, devido sua condição transitória de representação parlamentar, usada, infelizmente, como carta branca para ofender, agredir e humilhar. Isso não vai ficar por isso mesmo.

Nós do SINDSPEF-SG não admitimos esse tipo de atitude que escancara apenas covardia e o abuso vil e intolerável do uso de poder. Estamos solidários com a Guarda Municipal, instituição ofendida neste episódio e iremos até às últimas consequências para fazer justiça aos guardas agredidos no exercício pleno e legal de suas funções.

Que esse lamentável episódio sirva de exemplo, que a Casa Legislativa tome providências concretas para punir o parlamentar, porque só assim será restabelecida a dignidade da Guarda Municipal, dos servidores públicos do Município e, por extensão, de toda a sociedade.

Rosangela Coelho – Presidente do SINDSPEF-SG.

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